sábado, 19 de outubro de 2013

Foi assim a primeira Tertúlia Mais Pequena do Mundo...

Estreou-se nesta última quinta-feira, 17 de Outubro,  Tertúlia Mais Pequena do Mundo no Quiosque Al'Mutamid.


 






Neste lugar aconchegante e informal, reuniram-se 21 cúmplices (e ainda ficaram alguns curiosos/tímidos à porta), que deambularam por temas tão diversos como:

. LITERATURA

. José Saramago
Foi lida pela (saramaguiana) Jacqueline Vangoidsenhoven uma irónica crónica sui generis intitulada "Elogio da couve portuguesa", retirada da obra A bagagem do viajante.

. António Ramos Rosa (recentemente falecido, mas que ontem faria precisamente 89 anos)

Ana Paula Baptista e António Baeta leram poemas seus, respectivamente, o "Poema de um funcionário cansado" e "[A luz veio nua]".

. Alberto de Lacerda
Ana Santório, voluntária de leitura, veio de Alcantarilha e trouxe um amigo austríaco, Nicolau, entusiasta da Cultura e das Letras, que recordou o (quase esquecido?) poeta Alberto de Lacerda lendo um poema seu.

. Jean-Claude Carrière / Sophia de Mello Breyner Andresen
Paula Torres desassossegou com dois contos africanos, de teor filosófico, recolhidos na obra Tertúlia de Mentirosos: "A palavra" e "O que faz falta ao leão". E convidou ainda Esmeralda Alves a ler o actualíssimo poema "Com fúria e raiva", de Sophia.

. Gonçalo M. Tavares

O "1.º sonho de Calvino", uma história curta retirada da obra O Senhor Calvino [colecção "O Bairro"], foi a escolha de Alexandre Almeida para inquietar a tertúlia e levá-la a pensar sobre o poder das mensagens inscritas nas entrelinhas e as formas de recepção dos textos mais subtis e desconcertantes pelo público em geral, nomeadamente pelos jovens.

António Baeta leu entusiástica e expressivamente um poema de Ramos Rosa e outro da sua autoria intitulado "Dissimulação", enquanto José Paulo Vieira, ao seu jeito, recitou dois poemas seus: "Ventos de Norte" e outro sem título, este último também dedicado a António Ramos Rosa.

Esmeralda Alves trouxe e leu poemas de dois talentosos alunos seus interessados em poesia e em escrita criativa: "Silves", de Margarida Boto, e "Cantos de Libertação" (em homenagem a Ary dos Santos), de Luís Ramos.

. SILÊNCIO E SONHO

Ana Santório brindou-nos com uma "surpresa das Arábias": uma singela bailarina dentro de uma garrafa musical, que nos embalou e calou as palavras para nos fazer "apenas" escutar e imaginar...

 . ARTISTAS E SOCIEDADE 

Discutiram-se, a (des)propósito, várias temáticas:
. Os factores que influenciam a emergência dos talentos e a sua descoberta ou esquecimento posteriores
. A forma como a família/educação, o meio social, a questão financeira e a escola moldam os mais talentosos, e estimulam ou não a sua criatividade
. As relações entre a vida/subsistência materiais e o quotidiano/postura do artista, e as várias visões românticas e mistificações daí resultantes - isto também a propósito do percurso de Ramos Rosa e do "Poema de um funcionário cansado"

. VOLUNTARIADO

Ana Cristina Féria, tradutora e residente em Silves, falou da sua marcante experiência de voluntária em hospitais (D.ª Estefânia e S. José), lendo um texto emotivo e tocante, intitulado "Ao meu Ângelo chamado Paulo", em que relata essa vivência passada.

. IDOSOS E AUSTERIDADE 

Tendo em conta o actual timing, Paulo Pires leu uma carta aberta ao Primeiro Ministro, da autoria de Ricardo Araújo Pereira, em que este faz alguns comentários e dá algumas sugestões ao Governo relativamente aos "velhos" deste país.

. POBREZA

No dia de estreia da tertúlia celebrava-se também o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, tendo Paulo Pires recordado esse facto e chamado a atenção para as últimas estatísticas conhecidas e para os alertas recentes dados por organizações como a AMI, bem como para os perigos da miséria silenciosa (e não apenas da dos que se manifestam publicamente chamando a atenção dos media), ou seja, de todos aqueles que, por vergonha ou outro motivo, camuflam a sua real situação e atravessam situações verdadeiramente dramáticas - isto também a propósito de um verso de Alberto de Lacerda que diz que o silêncio agudiza o desespero.

. TURISMO EM SILVES

Dado que A Tertúlia mais Pequena do Mundo não quer ficar indiferente à realidade local, abordaram-se ainda algumas estratégias que permitiriam uma maior atractividade/potenciação turística da cidade de Silves, nomeadamente recorrendo a visitas guiadas a casas particulares do centro histórico, escolhidas criteriosamente e com concertação prévia com os seus proprietários. 
A (re)descoberta, guiada, dos pátios interiores, dos terraços, dos pequenos jardins e de outros espaços aprazíveis, não públicos, que a zona antiga encerra em si constituiria uma experiência diferenciada e diferenciadora à qual os crescentes adeptos do turismo cultural não ficariam decerto alheios. 
Isto implica envolvimento, concertação e uma equipa de técnicos especializados (camarário e/ou ligados a micro-empresas) que possam fazer esta intermediação e um "condicionamento positivo" junto de quem visita a cidade/concelho.

. DINÂMICA CULTURAL EM SILVES: PASSADO E PRESENTE

Foram trocadas várias impressões sobre o passado recente (últimos 10/15 anos) e percurso até à actualidade no que toca às dinâmicas culturais da cidade/concelho e ao impacto das mesmas junto da comunidade.

. MÚSICA E POESIA

Maria Lúcia Cabrita trouxe-nos um CD belíssimo em que Maria Bethânia canta poemas da eterna Sophia de Mello Breyner Andresen, tendo sido ouvidas algumas faixas no final da tertúlia. 

3 comentários:

  1. Parabéns pela iniciativa e bons voos com as leituras.

    ResponderEliminar
  2. Muito bom... Silves necessita de iniciativas destas, de modo a atrair também os jovens da terra ;)

    ResponderEliminar
  3. Gosto de tertúlias e de leituras, mas pensava que estas eram mais formais e menos descontraídas e apetecíveis. Quem sabe se um dia destes vou organizar uma. Só não sei ainda onde e com quem.
    preciso de uma ideia. ANA

    ResponderEliminar