segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Tertúlias em Janeiro [balanço]

Neste mês realizaram-se duas animadas tertúlias: no Art'aska Lounge Caffé, a 9; e no Quiosque Al'Mutamid, a 23. Segue-se uma panorâmica temática e textual da primeira, ficando esta última para outro post

[9 Janeiro]

. A importância das bibliotecas públicas para as comunidades da Europa

Sónia Pereira trouxe este tópico para o debate e recordou a declaração escrita preparada por vários deputados do Parlamento Europeu e apresentada ao mesmo em Outubro de 2013, em que se enumeravam os benefícios que as bibliotecas têm trazido aos países da União. Por exemplo, em 2012 um milhão e meio de europeus candidatou-se a um emprego e 250 000 arranjaram mesmo um posto de trabalho utilizando o acesso gratuito à Internet das bibliotecas públicas. No mesmo ano, em 18 países da Europa. cerca de 100 milhões de cidadãos deslocaram-se a uma biblioteca pública e 14 milhões usaram a rede de bibliotecas para aceder à Internet. Além disso, 24 milhões de europeus recorreram à biblioteca pública da sua área para desenvolverem actividades de aprendizagem de carácter não formal ou informal. 


. Escrita à mão facultativa nas escolas?

A partir de um post da reconhecida editora Maria do Rosário Pedreira, inserto no seu blogue http://horasextraordinarias.blogs.sapo.pt, Sónia Pereira reflectiu sobre as consequências do facto de a maioria dos Estados norte-americanos estar a preparar-se para decretar o carácter facultativo da escrita manual em contexto de sala de aula, ao que parece devido ao crescente uso que a sociedade americana, e o meio estudantil em particular, faz dos telemóveis e computadores para efeitos de escrita (mandar recados, escrever textos curtos, etc.). Citando um excerto do texto lido por Sónia Pereira: "Ai, pobre João de Deus, se fosse vivo havia de ter um enfarte... Como dizia a minha amiga no Facebook, será que se esqueceram de que a escrita é o suporte da nossa herança cultural?"


. Recuperação de monumentos no Algarve

José Paulo Vieira relembrou um artigo de imprensa de 2012 versando sobre a urgência de restaurar e requalificar o tecido patrimonial histórico algarvio. Segundo fontes oficiais, há cerca de 59 monumentos que carecem significativamente de intervenção, conforme referenciado no PRIPAlg (Plano Regional de Intervenções Prioritárias do Algarve). Entre os casos mais prementes contam-se o Forte de S. Luís de Almádena (Vila do Bispo), o Convento de N.ª Sr.ª da Assunção (Faro), a Ermida de N.ª Sr.ª da Conceição (Alcoutim), a Fortaleza de Faro, o Forte de Santa Catarina (Portimão), entre outros, incluindo-se neste lote, a nível silvense, a Cruz de Portugal e a Ponte Velha. Neste conjunto os imóveis têm diferentes proprietários, sendo 32 deles do Estados ou dos municípios, 13 da Igreja Católica e 14 de donos privados. 


. A influência dos media e das tecnologias no quotidiano e no comportamento humano

Ana Paula Baptista leu uma curiosa e irónica história, de autor anónimo, que nos pôs a pensar sobre os efeitos não poucas vezes perversos da televisão, do telemóvel e do computador, como "boa forma de nos manter ainda mais ignorantes e distraídos face à realidade". 


Além dos temas houve tempo também, como já vem sendo habitual, para várias leituras de textos literários, quer da autoria de alguns participantes, quer "bebidos" noutros autores.

Fernanda Marcelino trouxe-nos a sensibilidade de um poeta maior: Eugénio de Andrade.

XXVIII

Hoje deitei-me ao lado da minha solidão.
O seu corpo perfeito, linha a linha,
derramava-se no meu, e eu sentia
nele o pulsar do próprio coração.

Moreno, era a forma das pedras e das luas.
Dentro de mim alguma coisa ardia:
a brancura das palavras maduras
ou o medo de perder quem me perdia.

Hoje deitei-me ao lado da minha solidão
e longamente bebi os horizontes.
E longamente fiquei até sentir
o meu sangue jorrar nas próprias fontes.



Eugénio de Andrade


Do mesmo incontornável artífice do Verbo, Ana Paula Baptista brindou-nos com duas pérolas: um excerto de uma crónica inserta na obra-colectânea em prosa À sombra da memória; e um dos seus poemas mais emblemáticos.

Sou um homem com vocação para escutar. Vocação e paciência: fixa, imóvel, atenta ao rumor da luz, do coração batendo, ou simplesmente das palavras, quando se juntam para acasalar. Rumores que atravessam a nossa vida, se perdem na memória, regressam com as cabras, o focinho húmido dos primeiros orvalhos. Alguns desses rumores andam connosco desde menino, acabam perdidos num olhar, morrem à míngua de música. Rumores do azul fremente da sombra, dos cães ladrando no adro; rumor da chuva, os pingos grossos pressentindo a agonia das cigarras e do verão sobre as oliveiras; rumor do sol entrando pelo quarto, gatinhando até à cama. Rumor de manhãs antigas de pátios caiados, a égua escouceando de impaciência. Rumor de lágrimas no escuro, de bocas infantis, sílabas breves. Palavras que foram a primeira casa, o primeiro abrigo.

Poema "Adeus", bem como breve nota biográfica e bibliográfica do poeta, acessíveis aqui


Marco Mackaaij continua a dar-nos a conhecer o seu universo poético, com mais três originais composições da sua autoria:

Várias propostas para o novo ano:

Suicidar o fundamentalismo
Proibir a tortura da palavra "tortura"
Ensinar ao Papa o milagre da camisa de Vénus
Arranjar um inimigo comum aos Israelitas e Palestinianos
Convencer os Europeus de que a Europa existe
Apertar a mão pessoalmente a todos os Chineses
Prender o mercado livre e julgá-lo no Tribunal de Contas
Montar uma empresa de exportação de frigoríficos para o ártico.

[2010]


100% Satisfeito

Agradecido à Amazon.uk
por se terem enganado
e de Malmö enviado
uma tarântula reggae

Em vez de elegias espanholas
da guerra civil
com amores perdidos
mortos e feridos

Oito patas pneumáticas
a dançar o limbo
debaixo das gramáticas
do United Kingdo

[2014]


Durmam descansados


O Portugal futuro
Ruy Belo

Quando os vejo a jogarem wii (no vídeo)
aos urros e com pulos e pinotes,
língua de fora, espuma e perdigotos,
e eu a tentar saborear Ovídio;

Quando os vejo com headphones, no casulo
de adolescente, com cabeça a trote,
smartphone na mão, mensagens em magote,
e eu a tentar manter-me calmo fulo;

Hesito sobre o Portugal futuro:
pode a metamorfose um dia dar
asas a sonhos e os tirar do obscuro?

Mas depois de subir e de os beijar
boa noite e apagar a luz, no escuro
lembro-me do meu pai e do seu olhar.

[2014]


Carmo Rosa estreou-se nas leituras na Tertúlia e revisitou, e bem, o cartunista argentino Quino e a sua Mafalda, feita de sapiência intemporal, com esta breve mas ilustrativa tira:




Esmeralda Lopes Alves recordou vários poemas de um dinâmico e prolixo escritor português: José Jorge Letria. Foram lidos "Abrir as asas e voar", "O verso alcançando o infinito", "Eu vinha por um pouco de vida" e "Portugal, porque sim!". Transcrevemos estes dois últimos: 

Eu vinha por um pouco de vida

Eu vinha pela frescura da seda,
pela promessa da água na tua boca
limpa como um alvéolo, como uma fonte.
Eu vinha pela hospitalidade dos teus braços
abertos sobre as dunas, sobre as camas,
sobre a areia macia das paixões furtivas.
Eu vinha pela sede e pela aventura,
com a desabrida idade dos corsários,
dos animais enleantes ziguezagueando
pelo meio dos juncos e das pedras.
Eu vinha pela desordem dos planetas
no meu livro dos mistérios do céu,
no meu mapa dos assombros da alma.
Eu vinha pelo doce veneno de uma língua
semeando no meu corpo os sinais da perdição.
Eu vinha com o sal nos olhos, ardendo
com o lume a queimar-me a fala
e pedia à água para ser chuva
e à chuva, num repente, para ser mar.
Eu vinha por um pouco de vida, só um pouco,
no tumulto da minha existência de papel.



José Jorge Letria


Portugal, porque sim!

Podia chamar-te pai, asa de fogo, planta agreste,
alpendre aberto ao feitiço das estrelas.
Podia aninhar-me no casulo do teu abraço
e adormecer com o mistério que alimenta as tuas lendas.
Podia recordar os nomes dos rios e das serras
e das linhas secundárias que cruzam vales e montanhas.
Podia perguntar pelos teus filhos
esquecidos há muito nas errâncias deste mundo.
Podia querer interpretar a tua melancolia
como um sinal de saudade da grandeza perdida.
Podia reabrir, em página incerta, os teus livros raros,
os dos poetas que engrandeceram a título póstumo,
como os heróis, em pátria de carpideiras
e de oficiantes da mais daninha e entranhada inveja.
Podia entrar nas tuas casinhas baixas,
as de granito e as pintadas com a mansa alvura da cal.
Podia afagar-te as barbas brancas
que se tornaram salgadas no fragor das batalhas.
Podia desenterrar os teus mortos
só para saber que sonhos traídos os levaram à cova.
Podia desmascarar os vendilhões que falam em teu nome
como se falassem de negócios reles numa banca de feira.
Podia perguntar-te porque atravessas cabisbaixo
os largos das aldeias desertas e queres saber
o paradeiro dos teus filhos silenciosos e distantes,
daqueles que tomaram outros rumos
com a dor da tua ausência a ferir-lhes o peito.
Podia deitar-me ao teu colo
como se me deitasse na cama de urze
à beira dos promontórios que vigiam as fúrias do mar.
Podia chorar no teu ombro cansado todas as desditas
que foste obrigado a consentir e a calar.
Podia contar aos meus netos os feitos
do Gama, de Magalhães e de Cabral
e desenhar um mapa de glórias navegantes
só para eles saberem que um dia
usaste a efémera coroa de algas dos reinos do mar.
Podia pedir-te e dar-te contas
de tudo aquilo que sonhámos e não alcançámos.
Podia fazer tudo isso e muito mais,
mas prefiro vislumbrar na tristeza dos teus olhos
a ternura com que segues o rasto das aves e das estrelas
e depois abraçar-te e dizer-te: meu querido Portugal,
serás, até ao fim, a luz que não se apaga nem se rende
quando sonhamos com tudo aquilo que ainda te falta ser.


Da sua criativa produção em prosa destinada ao blogue Local & Blogal, António Baeta brindou-nos com mais um intrigante microconto:

Um homem de ideias arrumadas

O senhor Alfredo era uma figura respeitável. Na pequena cidade onde vivia, era estimado e cumprimentado com respeito e afeição pelas muitas pessoas com quem se cruzava.

Aconteceu que, a partir de determinado momento da sua vida, começou a sentir que as pessoas passaram a comportar-se para com ele de maneira diferente da habitual. Atrever-me-ia a dizer, de duas maneiras diferentes da habitual.

Numa delas, a mais frequente, passou a sentir-se estranha e incomodativamente observado; as pessoas olhavam-no com uma insistência e uma curiosidade exageradas.

Na outra maneira, menos frequente, mas que sucedia de forma regular, as pessoas pareciam receá-lo; passavam por ele desviando o olhar, apressadas, ou fugiam em sentido contrário, como que amedrontadas. Por vezes ia dar com elas escondidas, ao virar da esquina, paradas, a observá-lo. Também, se subitamente parava e desviava a cabeça, para olhar para trás, lá estavam elas e os seus olhares perscrutadores. 

Nesse tal momento da sua vida, passara a impor-se-lhe, com regularidade, uma necessidade inadiável de arrumar as ideias. Quando tal acontecia não saía de casa; receava chocar com as pessoas, com os carros, com os objectos. Mas ficar em casa sem ler, sem escrever, sem ver televisão, sentado no sofá sem exercício, por horas, enquanto punha a cabeça a arrumar as ideias, era absolutamente insuportável.

Fora a partir do dia em que assumira a sua decisão, que tudo se alterou no comportamento das pessoas para consigo.

A partir de então, quando necessitava de arrumar as ideias, não mais punha a cabeça ao lado, sobre a mesa. Pegava nela, metia-a debaixo do braço, os olhos bem abertos para não andar aos tombos, e saía para a rua, a passear.


José Paulo Vieira foi ao baú da sua memória afectiva e sentidamente leu:

A Minha Velha Ponte

Minha...
é pretenso,
diria antes,
pretensioso...
pois cioso,
desta Velha Ponte.

Ora, 
guardo em mim,
na memória já aprisionada,
a presunção, recalcadamente
assumida,
presumida, 
sem uma nesga
a toda a vida.

Velha Ponte,
que agora...
como que,
fronte a fronte,
defronte
te adulo.

Ponte Velha,
que estaciono
no meu pedonal,
passeio; 
sentindo o Arade 
que tenta,
como qualquer outro rio,
em marés se renovar.

Teus arcos...
uma mão,
provando a água;
seus cinco dedos,
num leito se enterram,
ali entalado,
entre uma Horta
que já foi Grande
e uma marginal,
que seu trânsito contempla,
ainda dão sombra
... desde a liça
até à cegonha.

Vejo,
o vermelho,
do teu velho
e já carcomido grés;
o branco,
mais claro,
de paredes,
quando recentes
de cal,
foram banhadas.

Romana,
Moura,
Medieval, 
que agora...
pouco ou nada
me interessa
as tuas origens...
Mas sim, 
as vertigens,
não por seres alta
ou imponente,
mas porque
te sinto,
ainda, com vida; 
Como Gente!

... Minha Velha Ponte.





Paula Torres sugeriu uma grande obra do escritor Herman Hesse: Gertrud. Um romance de 1910, que fala de música e de um músico mutilado, talvez uma das obras mais românticas (e autobiográficas) de Hesse, inspirada no compositor Hugo Wolf. Do capítulo inicial: 

Quando olho, a partir de fora, para a minha vida, ela não me parece especialmente feliz. Mas não posso apelidá-la de infeliz, apesar de todos os erros. É completamente disparatado falar de felicidade ou infelicidade, porque me parece que dou mais importância aos dias mais infelizes da minha vida do que aos dias alegres. Quando na vida se aceita conscientemente o inevitável, se prova o bem e o mal e se alcança, na proximidade com o exterior o destino interior, íntimo e não casual, então a minha vida não foi pobre e não foi má. Se o meu destino exterior passou por mim, como por todos, inevitável e fatal, imposto pelos deuses, é este o meu destino interior, a minha própria obra, cuja doçura ou amargura vem ao meu encontro e pela qual penso ter a responsabilidade absoluta.

Por vezes, em anos longínquos, desejei ser poeta. Se fosse, não resistiria à tentação de seguir as primeiras fontes das minhas mais remotas e ternas recordações, a vida desde as primeiras sombras delicadas da minha infância. Mas estas são-me demasiado preciosas e sagradas para que eu as quisesse estragar de alguma forma. Da minha infância só há a dizer que foi alegre e serena, deram-me a liberdade de descobrir as minhas propensões e os meus dotes, de viver as minhas mais íntimas alegrias e dores e de ver o futuro não como um poder estranho, mas como a esperança e o resultado das minhas próprias forças. E assim andei incólume pelas escolas, como um aluno sossegado, pouco querido e pouco dotado que no fim é aceite porque parece não ter grande influência sobre os outros.

A partir dos meus seis ou sete anos, comecei a perceber que, de todos os poderes invisíveis, era a música que mais fortemente me tocava e me regia. A partir de então passei a ter o meu mundo próprio, o meu abrigo e o meu céu, que ninguém me podia tirar ou denegrir e que eu não desejava partilhar. Era um músico, embora não soubesse tocar nenhum instrumento antes dos doze anos, e não pensasse vir a ganhar a vida fazendo música.

Nada de essencial se modificou desde então e por esse motivo quando olho para trás não me surge uma vida multicolor e multifacetada, pelo contrário, desde o princípio que tem uma tónica única e uma só estrela. Independentemente de as coisas correrem bem ou mal, a minha vida interior mantinha-se imutável. Por longos períodos podia andar por caminhos estranhos, podia não tocar em nenhum caderno de música ou instrumento, havia no entanto uma melodia no meu sangue e nos meus lábios, um compasso e um ritmo na respiração e na vida. Por mais que eu procurasse ansiosamente por outros caminhos uma solução, um esquecimento e uma libertação, e que ansiasse por Deus, pelo conhecimento e pela paz, acabei sempre por encontrar tudo isso apenas e só na música. Não tinha de ser música de Beethoven ou Bach: a música existe para que o homem por vezes seja tocado até ao íntimo por acordes e possa ser inundado por harmonias. Isto foi para mim sempre uma profunda consolação e uma justificação para toda a vida. Oh música! Lembras-te de uma melodia, canta-la sem voz, só intimamente, embebes o teu ser com ela, ela toma posse de todas as tuas forças e durante os momentos em que ela vive em ti desaparece tudo o que é ocasional, mau, rude, triste, deixa que o mundo esteja em harmonia, torna o que é pesado leve e o que é imóvel ganha asas! A melodia de uma canção tradicional pode fazer tudo isso! E apenas a harmonia! Já todos os sons harmoniosos, como o toque de sinos, satisfazem o espírito com encanto e prazer e eleva-se com cada som que ressoa e pode incendiar o coração e fazer tremer de emoção, como nenhum outro prazer.

De todas as representações de felicidade que os povos e os poetas sonharam, a audição da harmonia  das esferas parece-me a mais elevada e profunda. É aí que os meus sonhos mais profundos e dourados vagueiam… para ouvir soar por um momento o coração do universo e o conjunto de toda a vida na sua harmonia secreta e intrínseca. Oh, como pode parecer a vida tão emaranhada e desafinada e mentirosa, como é que pode existir apenas mentira, maldade, inveja e ódio entre os homens, e no entanto a mais pequena canção e a música mais simples proclamam claramente que a pureza, a harmonia e o jogo fraternal de sons em uníssono abrem o céu! E como posso censurar ou enfurecer-me, quando eu próprio, com toda a minha boa vontade, não consegui fazer da minha vida nenhuma melodia e nenhuma música harmoniosa? No íntimo sinto a inevitabilidade da exortação, o desejo sequioso de sons puros, agradáveis e bem-aventurados, e tonalidades que se vão dissipando; os meus dias, contudo, estão cheios de acasos e de dissonâncias, e para onde quer que me vire, onde quer que procure, nada me soa tão puro e claro.

Não quero contar nada mais disto. Quando agora me recordo para quem escrevo estas páginas, que tem verdadeiramente poder sobre mim, que me pode exigir a confissão e quebrar a minha solidão, tenho de nomear uma senhora querida, que não só abrange um grande bocado da minha vida e destino, como também pode figurar sobre tudo como estrela e elevado símbolo.

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